Nota sobre o não tempo


Acordo com a sensação de não saber que dia é hoje. O tempo, de fato, não existe. Tudo lá fora deve estar sendo o que. Existir e ser são coisas distintas. Nesse vazio matinal, não sou, apenas existo.
Na eternidade não existe o tempo e acho que na eternidade também não deva existir a saudade dolorosa de temer a passagem do tempo e a não possibilidade de viver alguma coisa de novo.
Eu um mundo paralelo, eu estaria sendo em outro lugar, em outra língua e perto de qualquer saudade rápida e contida.
Escrever é a salvação de alguma coisa. Da matéria, do espírito, do estado bruto da coisa. Quando escrevo, salvo a mim mesma e quem sabe alguns que estão perto de mim.
Escrevo para tentar sanar meus pensamentos. Escrevo uma alegria, uma saudade, um amor, quem sabe. 
O amor nunca avisa a hora de chegar e parece também não avisar a hora de partir. 
O tempo não existe, mas a materialização que fazemos dele corre, muitas vezes sem direção, e quando se tem essa limitação, a saudade se concretiza antes da partida.

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