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Mostrando postagens de 2014

Crônica do amor e desamor.

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“E quando acaba a gente pensa, ele nunca existiu”. Cazuza,   como sempre, objetivo, traiçoeiro e coberto de razão. Claro que falava sobre amor. Assunto tão batido, tão tema de novela, mas que ainda assim nos prende, incomoda, parece pedir esmola. O amor é uma das maiores necessidades do homem, inclusive maior que fé, já que até quem diz não ter fé, tem necessidade de amar e amado ser. Então, você chega a um ponto da vida que encontra o grande amor, se entrega e vive intensamente aquele “para sempre”, até que as coisas começam a não dar tão certo e você começa a refletir e concordar com o trecho de outra música, que nos aperta o peito e nos põe na parede ao dizer que “o pra sempre, sempre acaba”. Certo.   Acabou. Você sofre, não aguenta mais ouvir determinadas músicas, nem filmes, vive uma amargura que parece não ter fim. Chora sozinho, chora pros amigos, nas redes sociais, pros desconhecidos. Vive o luto e promete nunca mais amar. Então, quando você está desarrumado por a

Ser ou existir, eis a raiz da questão.

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Paz sem tédio. A chuva parece enriquecer o vazio existente por pura vaidade humana. Cai forte, agressiva, esmurra a janela, parece querer entrar. Olho para os cantos. Essas paredes neutras, meu olhar passa por elas e procura a essência, como uma criança procura a mãe, ao se sentir perdida. Respirar, graças a deus ou a qualquer coisa, não é um ato voluntario. Imagina que ironia seria morrer por ter esquecido de respirar. Na certa, esqueceria dessas coisas básicas, porque apesar de eu amar o simples, tenho a mania incontrolável de querer ser a metafísica de mim, quem dirá das coisas do mundo. Ser é tão necessário e essencial como respirar, entretanto, por poder ser algo relativamente voluntário, muita gente deixa de ser e apenas existe, como se ser fosse apenas seguir e cumprir regras de um jogo que nem conhece. Com a pressa e o egoísmo correndo solto, não conseguimos perceber os detalhes do cotidiano. Não percebemos quando uma casa é pintada, uma lâmpada é trocada ou

Entre os extremos, vivemos.

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Martha Medeiros, em uma de suas crônicas, diz: “Vida é o que existe entre o nascimento e a morte.  O que acontece no meio é o que importa” Mas o que importa, afinal? Estamos em um tempo, em uma sociedade em que as prioridades estão cada vez menos coletivas e que para entrarmos em um acordo, parece que é necessário uma quantidade mínima de likes ou compartilhamentos. Nada contra, afinal, vou compartilhar essa crônica mais tarde e torcer para alguém concordar comigo. Esse existir nos mostra o quanto um sorriso, um abraço, uma conversa jogada fora é importante e também mostra que certas coisas grandiosas nem são tão grandes assim. Entre os extremos, você percebe que a fase da infância é uma das melhores e lembra que quando pequeno só queria logo completar dezoito anos e agora, com dezenove, vinte, ou até mais, você chega em casa, provavelmente cansado, toma um banho, se joga na cama e fica desejando aquela vida de volta, onde a decisão mais difícil era escolher entre qual sabor d

Feliz dia da mentira(midira)!

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Veja bem, para quem é acostumado a mentir, primeiro de Abril é apenas uma data onde contar aquela mentira é tão natural como um "bom dia", questão de educação, obrigatoriedade social. Para quem não é, parece ser a chance ideal de se colocar em uma posição contrária e beber do que não é permitido nos demais dias do ano. Não existe uma pessoa que fale a verdade sempre e nem uma pessoa que consiga mentir toda hora. Desde pequenos somos condicionados a contar mentiras, desde as menores, mais esdrúxulas, até aquelas que até nós mesmo acreditamos ser verdade. É um "Não fui eu, mãe", quando a sua mão está toda suja, com a mesma cor do pincel que "acidentalmente" riscou as paredes da casa, até um "Não vim trabalhar porque acordei passando mal" "O ônibus pregou" "Meu sobrinho precisou que alguém ficasse com ele", quando na verdade você acordou apenas com preguiça, nem se deu o trabalho de sair de casa e nem sobrinho tem. Ment

Enxergar-se no mundo

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Todas essas fragmentadas informações que batem, voltam e penetram nas retinas dos meus olhos, formando imagens poéticas que, de repente, passam de forma ignorada, porque em meio a tanto caos e pressa, ninguém presta atenção. Eis que nesse momento, meu irmão, meu amigo, sou como um ex cego, que enxerga o mundo pela primeira vez.  As tonalidades penetram pelos olhos e as projeções são espremidas pelos poros. Sinto vontade de chorar, mas controlo a emoção do novo para apenas utilizar minha incrível possibilidade de ver para admirar mais um pouco. Essa inebriante visão do mundo é como uma boa música sendo tocada bem baixinha, suave, tentando dançar no inconsciente, no seu ponto de partida, no que realmente é você no mundo. Essência.

Quase sem querer

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O amor, a paixão, essa sintonia que tanto almejamos vem quando a gente menos espera. Teima em surgir quando você não está usando a sua melhor roupa ou quando não está no seu melhor estado. Você não espera o amor como espera um ônibus, ou a sua vez em uma fila qualquer. Ele simplesmente tropeça ou esbarra em você. Essa mistura simbiótica de sentimentos que parece ser um vício de carência para o ser humano pode ser resumido a momentos, minutos, segundos intensos de quando você conta uma piada, troca olhares, senta em uma sarjeta em uma estrada, num sábado quente qualquer e joga conversa fora, sobre o mundo, sobre coisas banais ou teorias geniais que se tem da vida. Uma das maiores ironias da vida é quando você se arruma todo e saí esperando encontrar o amor, a paixão, aquela pulsação toda e volta pra casa sem nada, vazio. Entretanto, quando se está bagunçado, de chinelos trocados e roupa amassada, ele resolve surgir, te deixando sem ter pra onde correr. Você tenta arrumar o

Ensaio de separação

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Ele. Ela. Uma mesa. Três cadeiras. Ela já estava lá há cerca de cinco minutos. Ele chegou molhado, cansado e só fez jogar sua bolsa de couro desbotado na cadeira que estava sobrando. Silêncio. Um suspiro prolongado. Nem dela e nem dele. Um suspiro do garçom. Não houve um diálogo. Ele apenas apontou para o cardápio o que queria, ela idem e pouco tempo depois o garçom veio com uma água, para ele e mais um café, para ela. Não houve uma troca de palavras. Ficaram se olhando por longos e intermináveis minutos. Eles sabiam o que tinha acontecido e o garçom, bom, esperto do jeito que é, captou tudo e ficou apenas observando, como alguém que espera o clímax de um filme. Ele chorou. Ela, não. Ele tirou um papel  amassado e molhado do bolso e entregou a ela. Ela pegou, leu, sorriu e chorou. O garçom ficou confuso, aflito. Ninguém disse nada. Ela levantou. Ele, não. Ela foi embora. Ele, não.  Ele acenou pro garçom, que apenas entregou a conta, pegou o dinheiro e foi embora. Ele permane

Desapontar-te

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Existe a ansiedade de não querer desapontar ninguém, e aí você se esforça, fica pelo avesso, corre, pula, se esconde ou escancara de vez, como forma de ser aprovado ou devidamente apreciado. Quando finalmente senta em um cantinho, abaixa a cabeça e pensa um pouco, percebe que a uma das ironias da vida é que somos pessoas e não lápis e que ao contrário desse desapontar tão temido, você não pode simplesmente se transformar em um apontador e se moldar ou apontar o outro de forma perfeita, pronto para fazer um rabisco impactante ou uma poesia hermética. Ao contrário, você enxerga que uma das maiores belezas da vida está naquele bilhete feito em um guardanapo amassado, sujo e cheio da nossa essência que temos medo de externalizar e correr o risco de ser desaprovado. Por essas e outras, prefiro usar caneta pra tudo.

Ser ou não ser?

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É importante ser do jeito que se é. Forçar uma pseudoperfeição, além de dar trabalho e ser chato, mata a essência, o que realmente é bom, o que chega a ser ironicamente engraçado.  Entendi que as pessoas mais felizes não tem as melhores coisas e nem precisam delas. Normalmente, as pessoas mais felizes são tão imperfeitas que isso faz com que elas sejam lindas.  O ser verdadeiro é tão impuro e tão inocente, que ao tentar molda-lo para se encaixar nessa utopia que chamamos de mundo, acaba esgotando as melhores oportunidades de sentir o que é realmente ser: sem vergonha, sem medo de cair, sem receio de andar com chinelos trocados, sem se preocupar em sentar em uma calçada ou sarjeta e passar horas conversando sobre todos os assuntos possíveis.

Permita-se

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Todo esse tempo. Todos esses dias. Voltei a recolher minhas coisinhas. Voltei a misturar palavras. Voltei a me embriagar com meus sentimentos, pensamentos, desejos. A vida ta aqui. Pra que perder tanto tempo com o que não vale a pena? Já perdi muito e o tempo continuou passando. Não tenho mais tempo pra dar. Hoje, não mais!  Todos temos dias contados e aprendi que não vou passar e viver meus dias em vão. Pra mim, no alto das minhas loucuras e do meu silencio, o que ta valendo são os sorrisos, os abraços, os brindes, os amigos. Faço amigos porque preciso compartilhar gargalhadas, piadas, toda essa energia que grita, que quer sair. Enquanto eu puder sorrir e por um sorriso no rosto de alguém, meu tempo, minha vida e tudo isso não estará sendo em vão! A vida é esse show contínuo onde é preciso ter coragem pra se expor. Quem não se expõe, se lamenta. Sonhar é preciso. Sem sonhar, não da!

Chuva, café e poesia.

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Chove lá fora. A música toca baixinho e o silêncio dentro de mim parece querer cutucar algumas feridas. Não gosto de ser tão provocada assim. Tenho vontade de jogar a minha consciência fora e ser livre de forma banal. O café está quase pronto, deixei um livro de poesias sobre a mesa. Estou preparando o meu terreno sagrado de serenidade. Gosto de ficar só nesses momentos. Gosto dessa imagem cinzenta que tem o dia chuvoso. Gosto porque os pensamentos ficam mais livres, mais lentos e podemos sentir saudades sem chorar.Podemos ser nós mesmos, tomar um banho de chuva e ser um pouco feliz. O café está pronto,finalmente. Vou colocá-lo em uma xícara qualquer, para que ele não se sinta muito importante e não perca a humildade. Perder a humildade é quase suicídio. A verdade é que sou dependente de café. Esse é o meu vício e droga assumida. Acredito que não vou ser internada por isso. A varanda me espera, a música vai acabando, a chuva está diminuindo. Pegarei o livro de poesias com pala

Carência

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A gente se anestesia de falsa alegria. De alguma esperança. Procuramos no outro um pouco de compaixão. De carinho. Até parece que às vezes somos órfãos de tudo. De mãe. Sonhamos. Acordamos. Choramos e queremos sempre mais. Escrevo de forma aleatória e ignorante. Espero encontrar a cura da minha carência um dia. Enquanto isso vem o tédio. A preguiça. A saudade. Saudade é um pouco amarga e cinza. Saudade nos vira pelo avesso. Saudade é como um dia de chuva e um pouco de café. Tem lá a sua beleza.

Sobre viver.

A vida acontece. A gente acontece, como se tudo isso fosse um acidente perfeito.  Você se depara com tantas situações e nem percebe o quanto é importante nessa montanha russa que é viver. Às vezes nem se da conta do que está fazendo no mundo,  até que alguém chega e fala que você é importante,  que você foi essencial para essa pessoa e agradece por você existir e fazer parte da sua vida. Então,  seu ego se envaidece, mas você fica tão surpreso, que não consegue nem sorrir direito. Passa alguns segundos completamente distraído e percebe que viver pode ser isso: atingir ao menos uma pessoa, provocar ao menos um sorriso.  A gente corre, quer tantas coisas, quer o mundo, como uma tentativa desesperada de não viver em vão,  de não ser esquecido.  Na verdade, se você for lembrado por uma só pessoa, viver já vai ter valido a pena.