Entre os extremos, vivemos.
Martha Medeiros, em uma de suas
crônicas, diz: “Vida é o que existe entre o nascimento e a morte. O que acontece no meio é o que importa” Mas o
que importa, afinal? Estamos em um tempo, em uma sociedade em que as prioridades
estão cada vez menos coletivas e que para entrarmos em um acordo, parece que é
necessário uma quantidade mínima de likes ou compartilhamentos. Nada contra,
afinal, vou compartilhar essa crônica mais tarde e torcer para alguém concordar
comigo.
Esse existir nos mostra o quanto
um sorriso, um abraço, uma conversa jogada fora é importante e também mostra
que certas coisas grandiosas nem são tão grandes assim. Entre os extremos, você
percebe que a fase da infância é uma das melhores e lembra que quando pequeno
só queria logo completar dezoito anos e agora, com dezenove, vinte, ou até
mais, você chega em casa, provavelmente cansado, toma um banho, se joga na cama
e fica desejando aquela vida de volta, onde a decisão mais difícil era escolher
entre qual sabor de sorvete gostaria de tomar.
Nesse meio tempo, você percebe
que não da pra carregar todo o peso do mundo nos ombros e que em alguns
momentos, é preciso arrumar a cabeça, o coração, da mesma forma que é preciso
tomar coragem para arrumar o quarto e fazer uma boa faxina, jogar fora o que já
não vale o seu sono e nem sua saúde e dar espaço para coisas novas, sejam elas
boas ou não.
Você toma consciência de que
sofre mais por antecipação e por imaginar situações do que pelos acontecimentos
reais e que não é só você que anda ansioso, o mundo anda em um ataque de nervos
constante, mas que entre uma crise e outra, pode mostrar as maiores belezas
possíveis e esses momentos devem ser aproveitados cada vez mais, até que tudo
isso vire uma rotina, onde ser feliz se torne tão natural quanto respirar, sem
necessidade de procura, apenas algo tão espontâneo como a reação de uma criança
ao conhecer algo novo.
Você percebe que não da pra ser
tudo do seu jeito, mas que da pra viver tranquilamente com as diferenças. Percebe
que cada um tem um jeito de olhar a vida, e que mesmo que seja difícil de
entender, é preciso respeitar. Aprende
que a dor do outro nunca pode ser comparada à sua. Aprende que para crescer é
preciso ter paciência e é necessário levar uns tombos, também.
Nesse meio tempo, você aprende
que o amor não é o que está escrito nos livros, mas que também não é
um bicho de sete cabeças. Você simplesmente para em um domingo de preguiça,
senta, relembra tudo e percebe: Viver é isso. Viver é ser, independente de como
for, errado, certo, rápido, devagar. O corpo tem um prazo de validade, mas o
ser, a alma, as coisas que fazemos e deixamos, não.
Já dizia Oscar Wilde, "Há momentos em que é preciso escolher entre viver a sua própria vida plenamente, inteiramente, completamente, ou assumir a existência degradante, ignóbil e falsa que o mundo, na sua hipocrisia, nos impõe."
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